segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ovos orgânicos coloridos conquistam consumidores

São Paulo (SP) – O consumidor brasileiro está cada vez mais interessado em alimentos orgânicos. Prova disso é que, para alguns produtos, a demanda é maior que a oferta. Em São Paulo, isso acontece com a produção de um tipo de ovo diferente. 

Não é apenas a qualidade que chama a atenção, mas principalmente as cores. O consumidor pode escolher entre verde, vermelho, e até rosa. 

O que determina a cor do ovo é a raça da galinha. As que põem ovos coloridos são as chamadas ameraucanas e araucanas, originárias do Chile. Segundo a Embrapa, a cor não interfere no sabor e nem no valor nutricional do alimento. "Esse é um detalhe visual que ajuda nos sentidos. Dizem que a gente pega a comida com cinco sentidos, então o visual também ajuda", diz o aposentado Jorge Marino. 

Foi o sabor que conquistou Marino. Toda a semana ela vai à feira que funciona há mais de 20 anos dentro do Parque da Água Branca, em São Paulo. Só de ovos, ele chega a levar até três caixas às vezes. "O gosto é diferente e a gente percebe que não há nenhum problema na digestão. Então, para mim isso é um motivo pra cuidar da saúde mesmo", explica o aposentado. 

A feira que só vende produtos orgânicos pertence à Associação de Agricultura Orgânica, uma ONG que defende este sistema de produção. A entidade, criada em 1989, tem atualmente mais de dois mil associados. 
Boa parte deles é composta por produtores rurais. 

A feira tem um público seleto, com consumidores exigentes e bem informados. A dona de casa Norma Gonçalves sabe que paga um pouco mais por estes produtos, mas diz que não abre mão por causa da qualidade. 

Na banca da produtora rural Inês Scarpa Carneiro, além dos ovos orgânicos e coloridos, também há frutas, verduras e até feijão de corda. Tudo é fresquinho, mas quem não comprar logo cedo, pode ficar sem. Os ovos são vendidos apenas por encomenda. 

As galinhas dos ovos coloridos são criadas no próprio sítio de Inês.  São mais de 300 animais, que ficam em um espaço de cinco mil metros quadrados e se alimentam de verduras e frutas produzidas na propriedade.
O sistema de produção é rústico. Inês tira de 40 até 50 dúzias por semana. Ela explica que terá que produzir galinhas da raça que bota ovos coloridos, já que não encontra quem venda animais desse tipo no mercado. 

A produtora garante que o sistema de criação interfere no valor nutricional do alimento, assim como no preço. Cada caixa com dez ovos custa R$ 10. Isto representa pelo menos três vezes mais que o ovo comum.
"Ele é mais caro porque é mais saboroso. As galinhas são livres pra botar, botam mais ainda quando tem sol. A gente não pode botar nenhum tipo de hormônio. E ele fica mais saboroso por isso, porque elas são livres", diz.

Já faz 25 anos que Inês Scarpa Carneiro e o marido compraram o sitio e há 11 ela produz orgânicos. Ela se mantém com a produção e está construindo um entreposto, por exigência da Vigilância Sanitária, para industrializar a produção. Para isso, vai precisar aumentar o plantel. O objetivo é chegar a mil galinhas no pátio.

Uso sustentável da água é tema de simpósio no interior paulista

São Carlos (SP) – A Embrapa Pecuária Sudeste vai promover um simpósio sobre o uso sustentável da água nos sistemas de produção pecuária. O evento, voltado principalmente para pesquisadores, estudantes, e profissionais agropecuários e ambientais, será realizado nos dias 22 e 23 de março, em São Carlos (SP).

O II Simpósio em Produção Animal e Recursos Hídricos tem como principal objetivo estabelecer os desafios hídricos presentes e futuros e incentivar políticas, programas e manejos às boas práticas hídricas. As palestras previstas abordarão as principais questões produtivas, ambientais, sociais e econômicas relacionadas às criações animais e aos recursos hídricos.

A primeira edição do evento foi realizada em 2010 pela Embrapa Suínos e Aves, em Concórdia (SC). Neste ano, serão oferecidas 170 vagas.

As inscrições para o evento vão até o dia 9 de março.

Mais informações

Com aumento no faturamento, preço dos orgânicos pode cair

Rio de Janeiro – Uma boa notícia foi divulgada nesta segunda-feira. Segundo levantamento realizado pela consultoria Euromonitor, o faturamento com produtos orgânicos está crescendo mais no Brasil do que nos maiores mercados de alimentos e bebidas do mundo. Para receber esta classificação os produtos precisam, necessariamente, ser completamente isentos de agrotóxicos, cultivados com manejos sustentável do solo e da água além de respeitar o ecossistema local.

Segundo a pesquisa, o aumento nas vendas foi de 9,8% em 2011. Nos Estados Unidos as receitas subiram 5,7% e na Europa Ocidental, 4,3%. Esse resultado permitiu ao Brasil crescer o dobro da média mundial (5,5%).

Sem considerar a venda de frutas, legumes e verduras, a Euromonitor estimou que foram vendidos US$ 109,9 milhões em orgânicos no ano passado, sendo US$ 89,5 milhões em alimentos processados e US$ 20,4 milhões em bebidas como café, sucos e chás.

É uma evolução lenta, com produção ainda em pequena escala, já que o faturamento total do mercado brasileiro de alimentos processados chegou a US$ 115,7 bilhões e o de bebidas leves, US$ 24,3 bilhões. Ou seja, os orgânicos representavam menos de 1% das vendas.

A Euromonitor estima que orgânicos são, no geral, de 60% a 100% mais caros do que convencionais. Mas espera que essa distância caia para algo em torno de 30% a 40%. E prevê que a venda de comida orgânica experimente um crescimento de 41% entre 2010 e 2015, puxada por biscoito orgânicos. 

Nos supermercados, além de reservar gôndolas específicas para os orgânicos, a meta é fazer com que eles deixem de ser conhecidos como “bons para a saúde” e “ruins para o bolso”.